É impossível falar de gastronomia, sobretudo de gastronomia regional, sem falar de cultura. Portanto, vamos traçar uma breve definição. Cultura pode ser definida como o complexo dos padrões de comportamento, crenças, instituições, manifestações artísticas, intelectuais etc., transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade. 
À grosso modo, cultura é um código. Ela fornece um referencial ao mundo em que vivemos, nossas linguagens e ações. É responsável por decodificar as palavras dos seres humanos semelhantes, classificando-os em grupos diferentes de acordo com suas igualdades, diferenças, crenças, valores e expressões. 
Cada povo tem seus traços e costumes baseados em linguagens culturais determinadas. A mais importante das linguagens é a fala. A maneira como os indivíduos conversam é essencial para seu bem-estar e depende da evolução intelectual do grupo. 
Outra intrigante e importante linguagem é a culinária. A gastronomia de um povo é resultado de todo um cruzamento de culturas responsável por sua formação. Todos esses traços vão se moldando à medida que o homem vai se alimentando e a natureza apresenta novas opções, possibilitando a modernização dos processos. 
No século XVIII, o francês especialista em gastronomia Brillat-Savarin enxergava a gastronomia como ciência. Mas mesmo antes dele, o homem sempre foi reflexo daquilo que o rodeava. Isso torna o regional terroir tão particular daquele povo e daquele lugar, por exemplo. 
Inevitavelmente, toda mistura étnica à qual o grupo social for submetido também influenciará sua formação. E a história da gastronomia no Brasil pincela o retrato de uma mistura de grupos sociais, culturas e diferentes hábitos e gêneros.