Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?

Bertolt Brecht, Perguntas de um operário letrado, 1935

Escrito em 1935, o poema de Brecht lançou bases para um questionamento a respeito do ensino de história e sobre quem o faz. Trata-se de uma crítica à invisibilidade de pessoas simples ao longo da história, que contribuíram para que grandes episódios e construções enaltecessem reis e imperadores. Quase um século depois, o poema continua atual em seu teor crítico de compreensão da história, ensino e transmissão.

Ainda que avanços e conquistas tenham ocorrido, numa tentativa de ampliar o olhar histórico para além de crenças em documentos e valorização a grandes personagens, ainda há um largo caminho a percorrer para colocar em prática as demandas suscitadas por teóricos, educadores e historiadores a respeito da prática histórica.

John Rüsen, em O Livro Didático Ideal (2010), enfatiza o papel de uma consciência histórica sobre o fazer e o aprender história. A consciência permite que os sujeitos se orientem em seu tempo frente aos acontecimentos que os cercam. Deve-se compreender que a consciência está intrinsecamente ligada ao fenômeno que cerca o sujeito. Ao mesmo tempo, a consciência orienta-se pelo historicismo do que nos precedeu.

Em Fenomenologia do Espírito (1992a, 1992b), Hegel aponta que a relação do sujeito com o fenômeno é uma busca pela consciência de si em direção a uma verdade absoluta ou definitiva. Alcançar o espírito absoluto se construiria à parte de uma dialética da consciência entre a subjetividade do sujeito e a realidade do fenômeno. Estando o sujeito e o fenômeno inseridos num tempo histórico, o olhar sobre si e sobre a externalidade será permeado pela consciência histórica. Dessa forma, é necessário enfatizar que não apenas a ação histórica é de uma consciência histórica, mas — como o poema que inicia este capítulo aponta — o próprio ensino é produto do seu tempo.

Por isso, na velocidade das mudanças do tempo presente, é necessário rever os pilares que compõem o ensino tradicional e o processo de ensino-aprendizagem. A popularização de conteúdos das humanidades em jogos, séries e filmes levou a história a se olhar no espelho.

Esse quadro coloca em xeque a qualidade e a assertividade do ensino teleológico comum ao ensino de história que nasceu no século XIX. Será que os homens de 453 d.C. sabiam que ali encerrava a Idade Antiga e iniciava a Idade Moderna? Será possível revisitar o modelo de ensino desse período histórico? Essas e outras perguntas fazem parte dessa revisão.

Neste curso online, você vai refletir sobre a importância do ensino de história para formar cidadãos críticos. Além disso, serão abordadas questões que suscitam o entendimento da Antiguidade e do ensino de história nas Idades Média e Moderna. Por fim, você verá pontos que desafiam o ensino de história na contemporaneidade.

O Curso Online Ensino de História: Pensamento Crítico e Didática é voltado para profissionais e estudantes de História e áreas relacionadas, além de interessados no assunto.

Este curso dispõe dos seguintes recursos de acessibilidade: cores em alto-contraste, aumento de fonte e tradução automática mediante a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para ativar esses recursos, acesse "minha conta" do lado direito da tela na parte superior e habilite de acordo com sua necessidade.

O conteúdo do curso ficará disponível por até 45 dias após a compra.